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Destruir o papado para reconhecer Francisco

Pelo Reverendo Padre Nicolás Despósito.



Essa imagem é tão absurda quanto o lefebvrismo.


A posição lefebvrista é insustentável.

Reconhecer alguém como papa para resistir a seus ensinamentos, suas leis, sua liturgia. "O papa só é infalível quando define um dogma", dizem eles. “A ideia de seguir o papa em tudo é algo ridículo, um ultramontanismo papolatra que remonta ao Vaticano I (1870)”, explicam. A ocasião que os leva a resistir a um magistério aparentemente pontifício é, aliás, o conteúdo claramente herético de tal magistério. Posição que coloca os fiéis em tal estado de perplexidade: se não me submeto, sou cismático, e se me submeto, sou herege, não pode ser chamado de prudencial. O oposto. Mas como evitar essa situação? Entendendo que a partir de 1965 não há magistério eclesiástico autêntico a reconhecer, exceto, é claro, o dos Papas que reinaram por quase dois mil anos como regras firmes da Fé. O lefebvrismo, rejeitando o único diagnóstico compatível com a Fé (e o senso comum ) é forçado a reconhecer um papado herético e uma Igreja em deserção.


Analisemos brevemente a posição lefebvrista.

Se o lefebvrismo estiver correto, a Igreja Católica é o único meio de salvação e, ao mesmo tempo, é capaz de conduzir as almas ao inferno, com a promulgação de leis nocivas, o ensino de falsas doutrinas e a imposição universal de uma nova religião pelo papa e a hierarquia. Para se beneficiar do aspecto salvífico desta Igreja, é preciso aceitar apenas dogmas declarados e resistir a tudo o mais, exceto o que o superior do grupo lefebvrista considera "tradicional".


O que não é muito tradicional é essa noção de uma Igreja pecadora que o lefebvrismo adotou. Além disso, quem defendeu essa posição com muita clareza é o próprio Hans Küng, um conhecido "teólogo" modernista que participou como "especialista" durante o Concílio Vaticano II. Para o herege suíço, a infalibilidade da Igreja consiste em não ser abandonada por Deus quando erra. [1]


O lefebvrismo fica completamente exposto quando eles têm que explicar as canonizações de Roncalli, Montini e Wojtyla. A Igreja Católica ensina que as canonizações são atos infalíveis, solenes e propriamente ex cathedra.




Ato de Canonização de Santa Micaela Desmaisières López de Dicastillo. Referência: AAS no. 26, 1934.


Se Francisco é um Papa legítimo, com autoridade suprema e universal, então suas canonizações são tão infalíveis quanto as de Pio XI. Se Francisco não tem o poder de declarar santos, como reconhecem os lefebvristas (como vão aceitar a virtude heróica em alguém que excomungou o arcebispo Lefebvre?), então a vacância formal da Sé Apostólica está sendo admitida.


(N. do T.: “Como todos os fautores de heresia e de cisma, gabam-se eles falsamente de ter conservado a antiga fé católica, enquanto que subvertem o próprio fundamento principal da fé e da doutrina católica. Eles bem reconhecem na Escritura e na Tradição a fonte da Revelação divina, mas recusam-se a escutar o Magistério sempre vivo da Igreja (…).” Papa Pio IX, Carta Inter Gravissimas)


É hora de acordar. Um tradicionalismo que rejeita a doutrina tradicional do Papado é uma contradição em termos. A única posição que preserva a indefectibilidade da Igreja é o sedevacantismo (N. do T.: sedevacantismo formaliter).


[1]

Küng, Hans, Infallibility? An Inquiry, (Garden City, New York: Doubleday, 1971), p. 181.



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