Contexto: Recentemente, pudemos notar leigos despreparados criando canais para comentar a sacra teologia, dar aulas de catecismo, emitirem suas opiniões a respeito de bispo x ou y do movimento tradicional, proporem suas resoluções para a crise e etc; claro, o resultado não poderia ser outro senão um completo desastre, ainda mais quando estes são conduzidos (ao abismo) pelo clero mal formado.
Assim também, contribui o clero “tradicional” mal formado para está causa feda e nefanda, quando se põem estupefatos ao escutarem os seguintes termos, “hilemorfismo ou em grego Hylé e Morphé”, “matéria prima e forma substancial”, “matéria secunda e forma acidental”, “matéria próxima e matéria remota”, “ato e potência”, “ente e essência”, “accidens e essentia”, "animismo", “óbice”, “a posteriori e a priori", “designação”, “título colorido”, dentre outros diversos, já aprendidos e memorizados por um estudante de filosofia de primeiro ano.
Porém essa relação verossímil não é obra do acaso, senão, antes funciona como o núcleo de um átomo, i.é, os prótons se unem a outros prótons, em virtude da força nuclear (diferentemente das forças que comumente são conhecidas como gravitacional e elétrica, que fazem os opostos se atraírem, a força nuclear faz os semelhantes se atraírem). Porém, não creio que muitos irão entender a analogia, até porque este espaço não é dedicado aos amantes da Física quântica, em suma, isso ocorre porque em regra geral, nas relações humanas, os semelhantes se atraem.
Mesmo com todo esses problemas crônicos, consideram-se hábeis para dirigirem almas ou até mesmo apostolados, e mais, alguns dizem estar dispostos a refutar a única explicação escolástica da crise de autoridade na Igreja, ou como é comumente chamada, Tese de Cassiciacum.
Tendo como primazia os ensinamentos do Evangelho de São Lucas (6,28), “Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.”, convido-vos a uma sincera reflexão e apresento-vos minhas humildes dúvidas a respeito dos supracitados:
Se você quisesse dissuadir as pessoas sensatas (mas enganadas por falsas doutrinas) de refletir sobre a situação da autoridade e tirar dela as consequências, você não agiria de outra forma. Estes falsos apostolados que passam aqui e ali pela vitrine do sedevacantismo brasileiro servem de pretexto (ou constitui motivo) para rejeição ou indiferença: alguns renunciam a professar e aplicar plenamente a fé católica, por medo de se tornarem “como eles”. Infelizmente, você pôde me entender…
A ausência de doutrina, a suspeita em todos os sentidos, a acusação gratuita, o prazer doentio de remexer a lama (real ou doentemente imaginada) fazem destes falsos apostolados lugares estranhos para a santidade da Igreja e o testemunho que deve ser prestado a ela. Quem tem interesse em lisonjear a ganância de notícias sulfurosas e denegridoras que dorme em cada um de nós e que mata a vida espiritual? Quem, então, senão o inimigo de nossa salvação?
Digo ausência de doutrina, pois a doutrina católica não se defende sem estudá-la e meditá-la assiduamente, sem expô-la com serenidade, sem desejá-la por si mesma. Quando as considerações doutrinárias nada mais são do que um acessório que permite "derrubar" esta ou aquela pessoa, e ao mesmo tempo exaltar outra que professa os mesmos erros; quando a preocupação dominante é colocar rótulos nas pessoas: então a luta de Deus não é travada. "Pouco importa se é para a direita ou para a esquerda que se desvia ao escorregar do caminho reto, o que é grave é desviar-se do caminho da verdade"; São Jerônimo adverte na homilia do breviário na sexta-feira depois de Cinzas (post Feria Quarta Cinerum).
Que pessoas muito honradas confiem ou se deleitem nestes apostolados, permanece um verdadeiro mistério para mim; mas isso não me convence de que estes apostolados colaborem para engrandecer a fé católica e o esplendor da Igreja. O aviso de Santa Joana d'Arc merece ser ouvido: são os pecados mortais que fazem com que as batalhas sejam perdidas. Volto a perguntar: para quem esses falsos apostolados trabalham?
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