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UM PEQUENO CATEQUISMO SOBRE A NOUVELLE THÉOLOGIE

[Adaptado]



A Nouvelle Théologie (Nova Teologia) é um sistema "religioso" falso que se tornou popular entre os católicos na Europa a partir da década de 1920. Por ter sido reconhecida como sendo o ressurgimento do modernismo, foi silenciada pelo Vaticano e condenada pelo Papa Pio XII na encíclica Humani Generis. Seus fundadores principais foram Maurice Blondel, Padre Henri de Lubac e Hans Urs von Balthasar. Hoje, goza de uma popularidade imerecida.


P. 1: Qual é a principal divergência dos partidários da Nova Teologia?

R.: Em 1950, o periódico “The Thomist” publicou um artigo do padre David Greenstock que fazia advertências a respeito da Nouvelle Théologie. Ele explicou que "a principal argumentação dos partidários desse novo movimento é que a teologia, para permanecer viva, deve mover-se com os tempos" e que "a teologia tradicional está fora de contato com a realidade". A marca registrada deles sempre foi o desprezo pelo Magistério.


P. 2: Como eles desprezam o Magistério?

R.: Os papas sempre ensinaram que a filosofia e a teologia de São Tomás de Aquino (escolasticismo) são a base insubstituível do ensino católico. Em sua Encíclica Pascendi, o Papa São Pio X ensinou que o escolasticismo era o remédio para o modernismo. Ele alertou ainda a "(...) todos aqueles que ensinam fiquem cientes de não podem se afastar-se de Santo Tomás sem graves prejuízos, especialmente em matérias metafísicas". No entanto, os

fundadores da Nouvelle Théologie estavam unanimemente decididos que o sistema aristotélico no qual o tomismo se baseia devia ser abandonado em favor de novos sistemas filosóficos.


P. 3: Por que isso é fatalmente falho?

R.: O padre Greenstock mostra que as filosofias modernas não podem ser "sintetizadas" dentro da teologia católica porque "a maioria das pessoas fora da Igreja sofre de uma incapacidade quase completa do pensamento lógico.

Sua base para o argumento é mais o sentimento do que a razão. (...) Essa incapacidade (para o pensamento lógico) é um resultado direto dessas filosofias modernas que agora nos pedem para adotar e batizar - uma tarefa impossível ".


P. 4: Onde está a dificuldade?

R.: O padre Greenstock explicou: "somos convidados a substituir as noções metafísicas claras de Tomás de Aquino pelos conceitos fluidos das filosofias modernas, e é muito difícil para nós ver como isso pode ser feito sem prejudicar as doutrinas imutáveis da Fé".


P. 5: Podem ser dados exemplos de como a rejeição da filosofia tomista ameaça a teologia católica?

R.: Um exemplo entre muitos é que tal rejeição pode destruir o ensino católico sobre a presença real na Eucaristia, conforme definido pelo Concílio de Trento.


P. 6: Como?

R.: Nossa definição de transubstanciação diz que os acidentes do pão consagrado permanecem os mesmos - ele ainda parece, cheira, tem textura e gosto de pão. Mas a substância não é mais pão, mas Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. Substância e acidentes são termos fundamentais da metafísica tomista / aristotélica. Nossa definição dogmática da Eucaristia é baseada nesses termos. Se esses termos metafísicos não são considerados estáveis e agora estão sujeitos a novas definições e novos significados, então o próprio fundamento de nossa doutrina sobre a Eucaristia é abalado, e a definição da Eucaristia mudará. Garrigou-Lagrange apontou que a rejeição da filosofia tomista coloca muitas doutrinas em risco, como o pecado original, a graça santificante, o fim do julgamento particular e até a própria verdade.


P. 7: Essa rejeição dos ensinamentos do Concílio de Trento sobre a Eucaristia realmente aconteceu?

R.: Em 1946, o padre Garrigou-Lagrange citou um advogado da Nova Teologia, que disse que a transubstanciação foi concebida e definida pelos escolásticos (tomistas) e que "sua doutrina é inadmissível".


P. 8: Quem foi Maurice Blondel?

R.: Maurice Blondel [1861-1949], um leigo, finalmente formulou a filosofia na qual a Nouvelle Théologie se baseia. Para "conquistar os homens modernos" que rejeitam o objetivismo (a submissão da mente à realidade objetiva), Blondel formulou uma filosofia "subjetivista", mais alinhada com outras filosofias modernas.


P. 9: Como ele fez isso?

R.: Afirmando que a religião não é algo que vai da cabeça ao coração (realidade objetiva), mas do coração à cabeça (subjetiva). Ele disse: "nada pode entrar no homem que não venha dele e não corresponda de qualquer modo à sua necessidade de expansão". Portanto, qualquer coisa sobrenatural (graça santificante) que esteja no homem vem da natureza do próprio homem.


P. 10: O que há de errado nisso?

R.: São Paulo diz que "a fé vem do ouvido" - isto é, vem de Deus apresentando a realidade ao homem e depois o homem a aceitando.

Também a graça santificante (nossa participação criada na Vida Divina de Deus) não é natural para nós. É um dom gratuito (N. do T.: Gratia gratis data) que está acima da nossa natureza (mais sobre isso mais tarde). Nem a fé, nem a vida sobrenatural da graça já estão "dentro do homem". No entanto, Blondel disse: " nada pode entrar no homem que não venha dele". O ensino de Blondel, de fato, é uma extensão da noção modernista de "Imanência Divina" condenada pelo Papa São Pio X. É por isso que muitos se referem a Blondel como um "neomodernista".


P. 11: Blondel estava de boa-fé?

R.: O grande dominicano, padre Garrigou-Lagrange, acreditava que Blondel não estava de boa-fé. Blondel manifestou as marcas registradas de um modernista: 1) Blondel citou textos de Santo Tomás para fazê-los significar o oposto do que dizem; 2) enfrentou repetidamente críticas bem argumentadas de seus adversários com uma mera negação categórica; 3) ele alegava continuamente ser mal compreendido; 4) ele estava sempre "explicando" como seu pensamento é realmente ortodoxo, de modo que até hoje se discute o que ele está realmente dizendo; 5) anos depois, ele admitiu ao padre Henri de Lubac, que ele propositadamente disfarçou suas verdadeiras idéias, a fim de escapar de certa censura das autoridades católicas.


P. 12: Quem foi o padre Henri de Lubac?

R.: O padre de Lubac [1896, 1991] foi um jesuíta que viu no ensino de Blondel a base de uma nova teologia. Blondel havia rejeitado a filosofia tomista, e De Lubac incorporaria isso em um novo sistema que rejeitaria a teologia tomista.


P. 13: A Nouvelle Théologie teve simpatizantes no alto escalão?

R.: Embora o Papa Pio XII tenha alertado contra esses novos ensinamentos, o Secretário de Estado do Vaticano, Mons. Montini (futuro "Papa" Paulo VI), apoiou a Nouvelle Théologie. Ao mesmo tempo, Montini também estava conduzindo negociações com os stalinistas, novamente, contrariamente à vontade de Pio XII.


P. 14: Qual é o coração da Nouvelle Théologie de Lubac?

R.: Com base na filosofia de Blondel, De Lubac ensinou que o sobrenatural é uma perfeição necessária da natureza, sem a qual a natureza é frustrada em suas aspirações essenciais. Isso significa que o sobrenatural é necessário para completar a natureza, que permanece incompleta sem ela. Portanto, o sobrenatural não é um dom gratuito, mas uma parte da natureza devida à natureza; em outras palavras, o sobrenatural não é sobrenatural, mas natural, e está dentro dos limites da natureza.


P. 15: Por que isso está errado?

R.: A Igreja Católica ensina que toda a ordem sobrenatural da graça é exatamente isso: gratuita - um puro presente de Deus. A natureza pode ser capaz ou adequada à ordem sobrenatural, mas de forma alguma exige estritamente a graça, que é de uma ordem diferente, infinitamente superior e dada por Deus, de acordo com a Vontade de Deus, de uma maneira essencialmente independente da natureza recebida. Essa nova teologia leva ao panteísmo. Em 1981, em seu livro “Getsêmani”, a voz solitária do cardeal Siri chegou ao coração da confusão de De Lubac. Ele alertou que, se a teologia de De Lubac for levada à sua conclusão lógica, "isso significaria que Jesus Cristo não é Deus ou que o homem é Divino" - novamente, o modernismo!


P. 16: De Lubac estava de boa fé?

R.: O padre Garrigou-Lagrange expôs os erros de Lubac em seu artigo de 1946 "Para onde a Nova Teologia está nos levando?", apontando que essa nova teologia é apenas uma nova versão do modernismo. De Lubac simplesmenteo respondeu com insultos e zombaria, acusando Garrigou-Lagrange de ter "visões simplistas sobre o caráter absoluto da verdade". Quando o papa Pio XII condenou a teologia de Lubac na encíclica Humani Generis, (nº 29,30,32,34), de Lubac simplesmente declarou que isso era "altamente unilateral (...) não me interessa".


P. 17: Mas De Lubac não era um grande especialista nos Padres da Igreja?

R.: Escrevendo no periódico “The Thomist” (1950), o padre David Greenstock advertiu que a única razão pela qual os líderes da Nouvelle Théologie citam tanto os Padres Gregos em seus textos é para passar ao largo de Santo Tomás de Aquino, a quem eles realmente desprezam, não importa o quanto prometem devoção a ele.


P. 18: Mais alguma coisa sobre De Lubac?

R.: Henri de Lubac era um defensor ávido do evolucionista / panteísta Teilhard de Chardin. Teilhard também propagou uma grande confusão em relação à ordem natural e sobrenatural, alegando que a natureza evolui para a ordem sobrenatural - novamente, modernismo!


P. 19: Teilhard pode ser defendido como ortodoxo?

R.: De modo nenhum. Como é possível defender um homem que faz afirmações panteístas como: "O catolicismo me enganou com suas definições estreitas do mundo ... O mundo à minha volta se torna divino ..."?


P. 20: De Lubac arrependeu-se?

R.: No final de sua vida, ele começou a se perguntar se talvez não tivesse se permitido entrar numa doutrina proibida. Ele escreveu: "Este período é tão cheio de erros quanto qualquer outro (...) talvez eu devesse me concentrar mais no essencial (...) nos últimos sete ou oito anos fiquei paralisado pelo medo de enfrentar de frente, de maneira concreta, os problemas essenciais em sua realidade censuradora? Por sabedoria ou fraqueza? Eu estava certo ou errado?". A essa altura, no entanto, ele já havia causado seu dano. Hoje, seu culto continua vivo.


P. 21: Quem foi Hans Urs von Balthasar?

R.: O padre von Balthasar era um discípulo da Nova Teologia, cujos livros são extremamente populares nos círculos "conservadores". Nos anos 30, ele desenvolveu uma aversão poderosa à teologia escolástica de Santo Tomás. Ele então se tornou muito influenciado por Karl Barth, o famoso pensador protestante. Von Balthasar fez de Cristo, e não da Igreja Católica, o centro da unidade dos cristãos - como se Cristo pudesse, de alguma forma, se divorciar de Sua única Igreja verdadeira - abrindo caminho para o ecumenismo "católico". Ele favoreceu e incorporou a filosofia de Hegel, que é a filosofia do "devir" (movimento interminável), em oposição à sólida filosofia tomista do "ser". Movimento sem fim, fluxo constante - novamente, modernismo.


P. 22: Que efeitos isso teve?

R.: Muitos. Um dos mais sérios é que ele estabeleceu um novo princípio de "Tradição Viva", que sustenta que a Tradição e, portanto, a doutrina, podem mudar. O padre Boulliard, um discípulo da Nova Teologia, disse: "Uma teologia que não fosse atual [que não se atualizasse] seria uma teologia falsa".


P. 23: Esses pensadores tiveram alguma influência no Vaticano II?

R.: Esses pensadores foram os grandes influenciadores do Vaticano II. Em seu livro “Vatican Two Revisited”, o bispo Aloysius Wycislo, um advogado rapsódico do Vaticano II, escreve que "a encíclica Humani Generis do Papa Pio XII teve (...) um efeito devastador no trabalho de vários teólogos pré-conciliares". Wycislo então se alegrou de que "teólogos e estudiosos da Bíblia, que estavam 'debaixo de uma nuvem' há anos, surgiram como peritos (especialistas em teologia que aconselhavam os bispos) no Vaticano II", apesar das regras do Concílio de que nenhum teólogo suspeito pudesse ser admitido como perito. Wycislo mencionou pelo nome desses teólogos como Hans Kung, Karl Rahner, John Courtney Murray, Yves Congar, Edward Schillebeeckx e Henri de Lubac.


P. 24: A Teologia deles prevaleceu?

R.: Sim. O padre Henrici SJ, um defensor da Nouvelle Théologie, disse que a teologia de de Lubac "que insiste na não oposição entre natureza e ordem supernatural (...) se tornou a teologia oficial do Vaticano II". Além disso, o padre Henri Boulliard, outro discípulo da Nouvelle Théologie, escreveu em triunfo que a palavra "sobrenatural" não aparece em nenhum dos principais documentos do Vaticano II.


P. 25: Quem foram outros admiradores da Nova Teologia?

R.: No Vaticano II, dois admiradores importantes foram o padre Joseph Ratzinger, da Alemanha, e o arcebispo Karol Wojtyla, da Polônia. Como esses dois homens avançaram na Igreja de hoje, o mesmo ocorreu com a influência e aceitação da "Nouvelle Théologie", apesar de sua condenação por Pio XII. Nos anos 80, de Lubac e von Balthasar foram nomeados cardeais, sem nunca terem que retratar suas doutrinas perigosas. Discípulos da Nouvelle Théologie ocupam muitas cadeiras teológicas em universidades católicas em todo o mundo.


P. 26: O fato de alguns desses homens terem sido nomeados cardeais não garante sua ortodoxia?

R.: Não. A história da igreja está repleta de exemplos de vários tipos de homens doentios sendo promovidos para altas posições - sendo Judas o primeiro.


P. 27: Mas por que alguns defensores da Nova Teologia às vezes parecem um tanto conservadores?

R.: Porque eles nem sempre levam os princípios de seu sistema defeituoso à sua conclusão lógica. A Nouvelle Théologie é subjetivista por natureza.

Portanto, existem "conservadores" e "progressistas" dentro da Nouvelle Théologie, assim como, advertiu São Pio X, existem "conservadores" e "progressistas" no Modernismo. (Pascendi, nº 27). Além disso, Blondel, Teilhard de Chardin e outros admitiram que eles disfarçaram sua nova doutrina sob a terminologia tradicional.


P. 28: Para onde a Nouvelle Théologie nos levou?

R.: Como o perspicaz padre Garrigou-Lagrange advertiu em 1946, ela nos levou de volta ao modernismo. Além disso, como Suzanne Rini observa corretamente, a Nova Teologia não deveria nem ser chamada de "teologia", uma vez que é simplesmente um gnosticismo ressuscitado.


P. 29: Quais foram os resultados?

R.: A igreja do ecumenismo e neo-modernismo do Vaticano II, vitrine da "Nouvelle Théologie", está em frangalhos. O princípio de Boulliard de que "Uma teologia que não fosse atual [que não ficasse sempre mudando] seria uma teologia falsa " está em pleno vigor com o "contínuo aggiornamento" do Vaticano II. A confusão teológica agora reina, especialmente porque von Balthasar, de Lubac e outros, são agora considerados "conservadores" em oposição aos "liberais extremos" como Hans Kung, Charles Curran e Richard McBrien. Aqueles que defendem a intransigente Fé Católica de Garrigou-Lagrange, do Papa São Pio X [N. do T.: do grande Monsenhor Umberto Benigni.], do Papa Pio XII e seus antecessores são ridicularizados como "extremistas à direita" e "integristas".


P. 30: O que devemos fazer nós?

R.: Manter-nos firmes na fé católica tradicional. Não nos preocupemos em ler de Lubac, Von Balthasar ou quaisquer discípulos da Nouvelle Théologie. A Ignatius Press é a principal editora para transmitir os líderes da Nova Teologia ao mundo de língua inglesa [N. do T.: No Brasil parece ser a Ecclesiae]. Por que perder tempo lendo esses homens suspeitos quando há tantos santos e autores completamente ortodoxos para ler?


P. 31: Existe alguma esperança?

R.: As escrituras ensinam "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam". Como a Nouvelle Théologie se baseia em mentiras, mais cedo ou mais tarde, ela desabará sobre si mesma. Enquanto isso, nosso dever é orar pelos contaminados com essas idéias errôneas, promover o tomismo vital e real (aristotélico), e manter a fé católica, como adverte o Credo Atanásio, "integral e inviolável".


Referências:


* "Where is the New Theology Leading Us?" — Father Reginald GarrigouLagrange, O.P., Angelicum, 1946. (English translation, Catholic Family News,

Aug. 1998).


* "They Think They've Won" — sì sì no no's 10 part series on the New Theology, (Originally published in 1993 in Italy, English translation by the Angelus Press, 1994).


"Thomism and the New Theology", David Greenstock, T.OP. The Thomist, 1950.


"Gnosticism Resuscitated Under the Cover of "New Theology", Suzanne M. Rini, (Catholic Famiiy News, Aug, 1998)Pascendi Dominici Gregis (Encyclical Against Modernism), Pope St. Pius X, 1907.


Humani Generis, Pope Pius XII, Aug. 12, 1950.


Denzinger — The Source of Catholic Dogma, Herder, 1955.


Reality, A Synthesis of Thomistic Thought, Father Reginald GarrigouLagrange, O.P. Herder, 1950.


Gethsemane: Reflections on the Contemporary Theological Movement. Cardinal Siri, Franciscan Herald Press, 1981.


Vatican II Revisited: Reflections by One Who Was There, Bishop Aloysius Wycislo, Alba House, 1987.

Available from Catholic Famiy News MPO 743 * Niagara Falls, NY 14302

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