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CMRI PARTE 3: CLERO RESPONDE E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por Stephen Heiner, True Restoration


“É melhor resultar algum escândalo de se dizer a verdade, do que deixar abandonada e indefesa a mesma verdade”. — São Gregório Magno


Embora eu não esperasse que vários clérigos da CMRI respondessem meus artigos, eu estou contente pois tais respostas enfatizaram os pontos originais dos meus artigos, os quais a princípio foram considerados por alguns como "teorias da conspiração", porém nunca mais podem ser tidos como tais visto que suas premissas foram confirmadas pela própria CMRI.


O primeiro artigo que estou me referindo pode ser encontrado aqui, e o segundo, aqui

Embora eu vá abordar separadamente os clérigos que responderam às alegações que compartilhei nos primeiros meses desse ano, gostaria de recapitular minhas alegações e as respostas da CMRI.

As alegações do meu artigo original estão resumidas abaixo:


  • Alguns clérigos da CMRI de fato dizem aos seus fiéis que eles podem, em boa consciência, participar de Missas una cum. Como notado em meus artigos anteriores, a participação em Missas una cum é repleta de problemas práticos e o fato de que tal participação é de qualquer modo aprovada por uma congregação de sacerdotes Católicos tradicionais é lamentável e escandaloso. De fato, dizer aos fiéis que você está "indeciso" na matéria ou deixar ao  "discernimento prudencial" de cada um, se demonstrou, na ordem prática, uma luz verde de aprovação para assistir à tais Missas. 

  • Que a CMRI julga casos de nulidade matrimonial aos quais eles não têm nenhum direito na lei da Igreja. A CMRI inventou um termo, "julgamentos morais", para categorizar os seus juízos em casos matrimoniais. A CMRI tentou dizer que esses "julgamentos morais" aconteciam no passado e não realmente no presente, mas nós constatamos que em várias capelas da CMRI, as pessoas com anulações do Novus Ordo "receberam permissão" pelo clero da CMRI por meio desses "julgamentos morais" para contrair matrimônios católicos (portanto, tornando esses "julgamentos morais" efetivamente em anulações) e que, em alguns casos, filhos de matrimônios prévios até aparecem na capela, confundindo e escandalizando os fiéis. Que isso seja objeto de negação é irrelevante, já que esses exemplos existem e continuam existindo.


O BISPO MARK PIVARUNAS RESPONDE


A resposta de Sua Excelência está agora linkada em destaque no website da CMRI. Embora me agrade que o Bispo considera minhas alegações dignas de resposta, fiquei decepcionado com a resposta de Sua Excelência em diversas frentes.


Contrário à crença de Sua Excelência de que sou um leigo "relativamente novo no movimento católico tradicional", quando o Bispo me introduziu ao seu pai em 2013 no salão social da capela da CMRI em Omaha, eu já assistia à Missa Tridentina por mais de 15 anos. Eu comecei na idade de 17, trouxe minha família inteira do nosso ambiente Novus Ordo conservador, e dei início a uma jornada de questões que iriam eventualmente me levar para o sedevacantismo non-una-cum. Eu não nasci na Fé Católica Tradicional, mas a tenho observado durante mais da metade da minha vida. Quatorze desses anos foram em colaboração ativa com o Padre Anthony Cekada, produzindo livros, artigos e vídeos. Mas a imprecisão aqui é menor; se fosse exata, poderia ter tido certa utilidade como recurso retórico para questionar a minha legitimidade.


Com intenção de justificar a posição da CMRI sobre a assistência à Missas una cum, Sua Excelência menciona uma série de desacordos na história da Igreja, ignorando que eu antecipei isto em meu primeiro artigo, no qual eu articulei o que considero um legítimo desacordo recente e relevante na observância da Semana Santa de Pio XII. Meus artigos nunca foram sobre uma divergência legítima - da qual qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento de história eclesiástica poderia extrair numerosos exemplos -, mas sim de um parâmetro mínimo que os católicos sérios podem e devem esperar de seu clero. Meu primeiro artigo original sublinhou tal parâmetro: 


  • Não dizer às pessoas que elas podem ir à Missas una cum.

  • Não julgar casos de nulidade matrimonial.

Sua Excelência também linkou um artigo de Agosto de 2002, no qual ele "condena" a assistência à Missas una cum, e então procede a citar numerosos exemplos do porquê é razoável "se você sente a necessidade".


Qual tem sido o efeito nos leigos da CMRI que escutaram essa posição confusa e contraditória ao longo dos últimos 20 anos? Uma reação às atitudes desses leigos pode ser vista em uma das condições que o Padre Cekada anexou ao Young Adult Gathering, recentemente reiniciado (com grande êxito) após seu apogeu nos anos 80: 

Ao registrar-se para essa atividade, você afirma que:


    2. Você não irá participar em Missas que são oferecidas "em união com" Francisco ou onde seu nome é inserido no Cânon da Missa.

O Padre sabia que sedevacantistas de outras capelas viriam ao YAG (pois a condição número 1 é que você deve ser um sedevacantista) e, portanto, desejou estabelecer uma base para matrimônios bem-sucedidos que incluísse princípios sãos e coerentes sobre a questão una cum.


Tal condição não seria necessária se a confraternização fosse limitada às capelas de SGG/MHT/RCI/IMBC, as quais nenhum de seus clérigos oferecem qualquer ambiguidade quando se trata de assistência às Missas una cum. Tal princípio teve de ser enunciado pela posição - na melhor das hipóteses - ambígua, da CMRI, que levou a uma práxis de assistência à Missas una cum e uma atitude de encolhimento de ombros entre seus fiéis.


A respeito dessa questão, Sua Excelência simplesmente cita extensivamente sua carta de 2002, adicionando apenas a frase a seguir, como uma atualização 20 anos depois. 


Para ser claro, eu não exijo que as pessoas participem de Missas una cum nem proíbo a assistência à tais Missas. É deixado ao critério prudencial do laicato. 

É este o linguajar da Santa Igreja Católica Apostólica Romana? Ou é o da Amoris Laetitia, o qual nos exorta a "evitar julgamentos que não tomem em conta a complexidade das variadas situações"? De fato, "Quem sou eu para julgar?" faria um bom florescimento retórico à declaração do Bispo Pivarunas. 


Tais escandalosas declarações sublinham outro problema fundamental da CMRI: o papel do laicato. Uma forma em que os leigos governam é em seus conselhos laicais, um conceito instável, protestante e revolucionário no qual as ovelhas dizem aos pastores o que fazer. Essas juntas seculares (CMRI e outros) decidem na expulsão de Padres de paróquias porque tais Padres ousaram dizer rigorosamente sobre a modéstia, ou em alguns casos inacreditáveis, onde tais bravos sacerdotes questionaram as ações morais e legais de alguns que administram esses conselhos laicais. 


Se pode tolerar um conselho laical por um certo período de tempo devido a história de uma dada missão, mas logo se deve fazer uma transição em um tempo razoável para uma forma católica de dirigir uma paróquia, uma maneira em que a palavra "conselho laical" existe unicamente como um anacronismo, algo que existia nos tempos antigos quando as Missas eram ditas em garagens e o "sedevacantismo" não era sequer uma palavra que a maioria do povo conhecia. 


Quanto à segunda parte da carta, o Bispo Pivarunas cita um tweet de um terceiro que ele disse que eu "convenientemente ignorei". Como o tweet não procedia de algum perfil de Sua Excelência, eu esperei por uma declaração mais compreensível do próprio Bispo, que foi publicada, e é a resposta que eu estou comentando. Sua Excelência escreveu: 


"Quando o Bispo McKenna assistiu à CMRI em tais decisões morais, ele nunca afirmou possuir jurisdição ordinária como um Bispo Diocesano, o qual seria uma anulação no verdadeiro sentido da palavra. Entretanto, o Bispo McKenna, seguindo a posição teológica do Bispo Guerard de Laurier (sic), sustentava que os Bispos católicos tradicionais, apesar de sua ausência de jurisdição ordinária, levam a cabo a "missio" da Igreja Católica. A "missio" é a missão da Igreja Católica para a salvação das almas".


"Baseado nessa possição, o Bispo McKenna assistia à CMRI nessas decisões de matrimônio. Este problema da falta da jurisdição ordinária não está limitado aos casos matrimoniais e levanta questões em várias outras áreas como a absolvição de excomunhões reservadas à Santa Sé, dispensação de votos religiosos, impedimentos para a ordenação sacerdotal, e etc."


Infelizmente, Sua Excelência confunde aqui o poder de santificar com o poder de governar a Igreja.


Colocando de uma maneira mais simples, a única missão do clero Católico tradicional é o que é permitido pela epikeia e trata da jurisdição suprida transitória, a qual se ocupa da Missa e dos Sacramentos.


As nulidades matrimoniais não cabem ao poder de santificar, mas ao poder de governar a Igreja. O clero Católico não pode usurpar o poder de governar a Igreja de maneira alguma.

O Matrimônio, pela sua própria natureza, se relaciona com um estado legal. Uma vez que o Matrimônio é formado por um fato legal, este só pode ser desfeito por uma ação legal. Esse seria o caso mesmo se uma situação fosse privadamente conhecida pelos membros da Rota Romana de que um Matrimônio em particular era inválido. 


Pode ser útil revelar também que um caso no qual hajam provas documentais (e.g. um certificado matrimonial que demonstre que alguém está atualmente casado com outrem) não se apresenta diante um tribunal diocesano, já que estas provas documentais revelam que nenhum Matrimônio pode ser contraído. Qualquer Padre pode simplesmente "reconhecer" essa evidência. Esse tipo de situação é raramente apresentado diante nosso clero tadicional.


O que se apresenta com muita mais frequência são os casos complexos, por exemplo, quando alguém alega que o outro parceiro "nunca quis ter filhos". Tais casos devem ser julgados, e a CMRI não tem autoridade alguma para isso, e qualquer julgamento que façam desses casos, que eles chamam de "julgamentos morais", não tem nenhuma autoridade moral ou legal.

Segue outra estranha declaração do Bispo Pivarunas:


"O cerne da questão é que conceituados Bispos e Padres tradicionais sustentavam a mesma posição da CMRI nessas matérias e não há razão para que um mero blogger leigo, o Sr. Heiner, exorte aos fiéis católicos a evitar 'a maior organização católica tradicional sedevacantista do mundo'".


Além do fato de que Sua Excelência convenientemente omite o advérbio proposital "ostensivamente" que eu usei na minha citação original, eu pergunto, quais  "conceituados Bispos e Padres tradicionais", Sua Excelência? Eu conheci vários ao longo da minha vida, e em vários continentes e nenhum dos que me associo sustenta a "mesma posição" da CMRI em quase nada além de celebrar a Missa Tridentina e concordar que Bergolgio não é Papa. Qualquer um que em algum momento sustentou "as mesmas" posições desde então as abandonou publicamente. De fato, a congregação mais semelhante à CMRI é a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, que tem Bispos e Padres que também fornecem "julgamentos morais" por meio de seus próprios tribunais matrimoniais formais, e oferecem Missas que os fiéis da CMRI assistem.


Para ilustrar que o conteúdo do meu artigo é defendido, mesmo anonimamente, por clérigos Católicos tradicionais, aqui está uma mensagem que recebi de um Padre tradicional após a publicação do primeiro artigo:


"Muito obrigado por escrever este artigo. Você será criticado, mas como você disse, as pessoas têm o direito de saber a verdade sobre a CMRI. Além disso, é desconcertante para alguns de nós que estão tentando fazer um trabalho sério quando as pessoas pensam que a CMRI, o RCI, IMBC, etc. são a mesma coisa. Nos NÃO somos a mesma coisa".


A CMRI sustenta posições únicas e lamentáveis: permissividade acerca das Missas una cum e autoridade auto-proclamada para julgar casos matrimoniais. Esse era o ponto do meu artigo original e a recente carta de Sua Excelência confirma essas alegações. 

Ademais, Sua Excelência conclui sua resposta referindo-se a mim como um "mero leigo". Porém antes, na mesma resposta, delega a decisão moral de assistir à Missas una cum ao "critério prudencial dos leigos".  Sou eu um "mero leigo" ou alguém que possui a habilidade e o mandato para decidir por mim mesmo, ao invés de consultar o clero para obter uma direção definitiva sobre importantes decisões morais? O espírito confuso, contraditório e acatólico de "sustentar duas coisas contraditórias ao mesmo tempo" se revela novamente.


PADRE GABRIEL LAVERY, CMRI RESPONDE


Recentemente, eu falei com um leigo que é ativo no Twitter e conhece o Pe. Gabriel Lavery, e que, quando viu as respostas do Padre ao meu artigo, cogitou ser um troll se passando pelo Pe. Lavery. Para aqueles que não estão no Twitter, aqui estão algumas postagens feitas pela conta: 


 


Antes que eu escreva o que estou prestes a escrever, quero deixar claro que minha intenção é tão somente oferecer comentários objetivos concernentes às respostas do Pe. Gabriel Lavery. 


Eu pergunto, “Algum leitor casual desses comentários suspeitaria, ainda que por um momento, que foram ditos por um sacerdote de Jesus Cristo, referindo-se a um homem a quem ele jamais conheceu, e com quem se recusou a falar?” A Teologia Moral básica nos dita que jamais devemos julgar as intenções de alguém, nem o estado da alma de alguém, muito menos pronunciar publicamente que alguém está em estado de pecado mortal (o que ele inferiu com suas palavras “Os Céus estão fechados a Heiner”). 


Eu estaria apreensivo em buscar conselho espiritual de um sacerdote que toma parte em tal sorte de atividade pública, já que eu questionaria a acurácia do aconselhamento que eu receberia. Eu meramente menciono isto como mais uma preocupação a adicionar às várias outras que mencionei em relação à CMRI, apesar de se tratar somente do comportamento de um sacerdote associado a tal congregação. 


E como fiz em meus artigos prévios, eu não julgo consciências e intenções individuais, porém ofereço informação e comentários que substanciam as preocupações que eu mostrei e indicam que são preocupações válidas concernindo o conselho moral que é oferecido pelo clero da CMRI. 

A mesma conta de Twitter recentemente publicou:


“Após escrever esta respeitosa carta a um oponente e estudar os argumentos que eu lhe enviei, Santo Afonso abandonou uma posição que ele previamente cria ser bem fundamentada, e então escreveu por várias vezes contra sua antiga opinião. Será que tal disposição para compreender seus oponentes permaneceu?” 


Eu levei a veemência do Pe. Lavery a sério e obtive seu número de telefone por meio de um amigo comum, também sacerdote. Eu liguei para ele sete vezes em quatro dias, em horários diferentes, deixando mensagens de voz em três ocasiões distintas, deixando claro que nosso amigo em comum poderia confirmar meu caráter, o qual o Pe. Lavery assassinou por todas as redes sociais. Eu também disponibilizei um número dos EUA no qual ele poderia me contactar, uma vez que estava ligando de meu número francês. 

Pe. Lavery se recusou a responder. 


Eu também contatei a pessoa com quem conversei na ocasião do funeral do Pe. Cekada, que havia conversado com o Pe. Lavery em frente ao clero e também de leigos. Essa pessoa afirmou o que eu havia alegado no meu artigo e até se ofereceu para falar diretamente com o Padre Gabriel. Eu disse ao padre em minhas mensagens de voz que eu estaria feliz em conectá-lo à minha testemunha, de modo que ele (Pe. Lavery) talvez reconhecesse que podia haver esquecido o que disse ou não disse, mas em todo caso, eu disse a verdade como eu a conhecia e ainda conheço.

Pe. Lavery se recusou a responder.


Deixarei a outros que formulem suas próprias conclusões sobre o comportamento do Pe. Lavery nas redes sociais. Eu não retraio o que disse e, de fato, como eu disse nas redes sociais várias vezes, as respostas do Pe. Lavery indiretamente confirmaram as alegações (fora o que ele disse à minha testemunha, ele afirma que disse aos seus fiéis que ele estava “indeciso”, o que na prática deixou as portas abertas para que os fiéis frequentem missas una cum, e ele disse que casos de matrimônio devem ser resolvidos pela CMRI, mas que não era nada “sensacional” como eu havia dito). Talvez o mais importante foi que o Pe. Lavery falhou em dar qualquer raciocínio do porquê, após eu escrever publicamente sob meu próprio nome desde 2006, eu em 2022, mentiria deliberadamente sobre um sacerdote que nunca conheci em minha vida. Eu conheço dúzias de membros do clero que confirmariam meu caráter, e que se escandalizariam em ouvir que eu fui acusado de tal coisa.

 

PADRE DOMINIC RADECKI, CMRI RESPONDE


O Padre Dominic Radecki deu um sermão na semana seguinte à publicação do primeiro artigo, do mesmo púlpito em que eu pessoalmente o ouvi dizer, diversos anos atrás, que durante a Quaresma alguém poderia "ver menos televisão" ou "jogar menos videogame".


O sacerdote apresentou a posição da CMRI como a balanceada, implicando que qualquer outra seria demasiada "rigorosa", que é um termo que o clero e os fiéis da CMRI aplicaram por algum tempo aos Padres e leigos que assumem uma posição intransigente sobre a Missa una cum


Ele começou seu sermão relatando uma anedota sobre o falecido grande Patrick Henry Omlor (uma notável voz e um oponente veemente da assistência à Missas una cum), na qual Omlor lhe contou sobre um "teólogo leigo" que não respondeu corretamente a simples questão que levantou o mesmo Omlor: "O que é um sacramento?", despercebendo a ironia sublinhada pelos comentários anteriores do Bispo Pivarunas, nos quais o Bispo transforma todos em "teólogos leigos" ao delegar a decisão da assistência à Missas una cum ao nosso "critério prudencial".


O Padre Radecki também deturpou minha posição. No sermão, ao minuto 6:18, ele afirma que eu disse que seria um pecado mortal a assistência à Missas una cum e que se deve negar a comunhão às pessoas que atendem à tais Missas, o que levou ao Bispo Daniel Dolan a responder em um boletim às ligações telefônicas provocadas por essa brutal (e descudidada) deturpação. Em nenhum de meus artigos prévios acerca da CMRI eu jamais afirmei tal coisa, mas a questão ainda poderia ser levantada, com toda essa insistência de que "não é um pecado mortal", é um pecado venial, então? Ou, mais importante, a assistência à Missas una cum é objetivamente agradável a Deus ou é objetivamente desagradável a Deus?


Além disso, o pobre Padre Frei Martin Stepanich O.F.M., é novamente tirado de seu túmulo para apoiar a assistência à Missas una cum, quando tudo o que ele realmente disse foi que não tinha a autoridade para proibir a ninguém de assistir à Missas una cum.

A citação do Padre Frei Martin na resposta do Bispo Pivarunas é a seguinte:


"Se tentarmos usar as palavras do Papa e dos teólogos pré-Vaticano II, como já citado previamente, e fazê-los dizer que a assistência à Missas una cum Benedicto está sempre e absolutamente proibida em qualquer circunstância, somos nós os que estamos realmente fazendo esse tipo de proibição, não os Papas e teólogos anteriores ao Vaticano II. Tão somente tente encontrar algo nos Papas e teólogos anteriores ao Vaticano II que totalmente e absolutamente proíba qualquer e toda assistência à Missas una cum Benedicto (sic) aos católicos tradicionais sedevacantistas. Simplesmente não há nada". (Ênfase do Bispo Pivarunas)


Deve-se notar que só porque algo "não é proibido", um ponto incessantemente ressaltado pelo Padre Stepanich em seu artigo original, não significa que se deve "ser encorajado". A CMRI gosta de enfatizar as valorosas qualificações teológicas do Padre Stepanich, mas estas não me convencem quando se trata da práxis para aqueles de nós que ainda estamos vivos nesse período terrível. Diversos clérigos mais doutos que o Padre Stepanich concordaram com as mudanças do Concílio. As qualificações em suspenso não são uma prova e certamente não são um argumento.


O Padre Radecki também não entendeu a questão ao falar de "excomunhões", um tema que nunca levantei. É claro que a Igreja permite, em grave necessidade - por exemplo, estando em pecado mortal -  buscar os sacramentos do clero excomungado. Mas simplesmente cumprir com o preceito dominical é uma verdadeira extensão do termo "grave necessidade".


Ademais, o canon em questão não diz nada sobre participação ativa na Missa. A comunhão para os fiéis é um rito que se insere na Missa, não é algo listado nas rubricas ou requerido para licitude. Algo diferente é "recebeber um sacramento" em "grave necessidade" de um clérigo excomungado. Nesse caso, a Igreja claramente prevê um Batismo, ou um casamento, ao invés de uma assistência regular e contínua à Missa.


Outra estratégia lamentável é questionar "por que nenhum dos clérigos dos anos 60 ou 70 levantou essa questão?", outra parte proeminente do argumento do Padre Radecki. Isso não é um argumento.


Como eu já mencionei em meus artigos anteriores, o clero publicamente mudou de opinião sobre alguns temas. Imbuir o clero dos anos 60 e 70 com alguma forma de "aura sagrada" é cometer o mesmo erro da FSSPX em sua heurística "o que o Arcebispo faria". O clero dos anos sessenta ou setenta não é infalível. Mas essa técnica da CMRI, como se vê acima na menção do Bispo McKenna por parte do Bispo Pivarunas para justificar os "juízos morais" da CMRI é agora uma parte previsível (e esgotada) da sua "argumentação".


Finalmente, o Padre Radecki cita o canon 2261 como justificativa para assistência à Missas una cum, como uma assistência à uma simples Missa domincal qualificaria como "causa justa". Eu novamente me refiro à linguagem do Papa Pio VI acerca do Clero Constitucional Francês, todos os quais diziam Missas válidas: o Santo Padre não disse às pessoas que "não era um pecado mortal" ir à uma Missa válida em tempos confusos. De fato, o Papa Pio VI disse que hóstias consagradas pelos Padres juramentados (aqueles que prestaram juramento à igreja constitucionalista francesa) deveriam ser deixadas para decompor, e não distribuídas aos fiéis, visto que nenhum Cristão deveria se associar com estas hóstias trazidas do Céu em oposição a Deus e Sua Igreja.


Para ampliar ainda mais esse ponto, aqui está uma citação da instrução Laudabilem majorum, datada de 26 de setembro de 1791, endereçada aos Bispos franceses pelo mesmo Santo Padre:


"Sua Santidade declarou que não é permitido receber o Batismo pelos clérigos intrusos, exceto em casos de extrema necessidade e se ninguém mais for encontrado para dar o Batismo; o Sacramento deve ser conferido pelo clero legítimo ou por outros que tenham recebido sua permissão.


Porque sendo o pastor intruso certamente cismático, e seu cisma é óbvio, se segue que a ação de um Católico que se dirige ao clero intruso para administração do Batismo, é, de todo ponto de vista, viciosa, má e proibida; em efeito, isso seria comungar com os cismáticos nas matérias divinas e na mesma iniquidade do cisma, que é por sua própria natureza um mal, e, portanto, proibido pela lei natural e também pela divina... O que mais está fazendo um católico que recebe o Batismo de um Padre intruso, senão cometer o crime de cisma com ele, uma vez que um, ao administrar o Batismo e o outro, ao recebê-lo, consumam um crime premeditado que nenhum dos dois poderia executar por si próprio, e sem a cooperação do outro? Portanto, quando um Católico coopera desta forma com o cisma, é claro que no mesmo ato ele aprova o crime de cisma, e que reconhece e respeita o intruso como um pároco legítimo".


Tenho a intenção de que este seja o último artigo que vou publicar acerca deste tema, já que acredito que os artigos resultaram na publicação de suficiente informação, tanto da CMRI quanto minha, sobre questões relevantes para que as pessoas estejam adequadamente informadas. Suas decisões, baseadas na informação disponível, são entre ela e Deus.


Gostaria de realçar que não há vantagem nem material, nem social, em escrever o que escrevi. O grupo proprietário do True Restoration previu a resposta que receberíamos do público em geral e até mesmo de alguns de nossos próprios membros, que impactariam financeiramente o True Restoration. 


No entanto, existimos para espalhar a verdade, não para fazer lucro. O dinheiro que recebemos dos nossos membros constitui o meio de espalhar a verdade, e nós estamos dispostos a arcar com as consequências materiais por manter o foco na missão que tem animado esse website desde 2006: a restauração de todas as coisas em Cristo. Permitir que os leigos sejam enganados sobre a CMRI (e permitir que o clero da CMRI proporcione caracterizações enganosas de nós e nossas posições), sem proporcionar informações importantes, enquanto o True Restoration tem o conhecimento, reputação e alcance para espalhar a verdade, não contribui para a restauração.

Agradecemos as centenas de membros assinantes que continuam a nos ajudar. Estamos gratos por sua ajuda. Pedimos por suas contínuas orações enquanto nos esforçamos para servir a Igreja nestes tempos difíceis.

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